Polícia Federal recuperou informações que haviam sido apagadas por Mauro Cid, entre elas um dossiê detalhado para captura de Lula que previa confronto armado. Inquérito sobre a quadrilha golpista de Bolsonaro foi prorrogado por 60 dias
Escrito en POLÍTICA el 8/11/2024 · 07:21 hs
Informações recuperadas de arquivos eletrônicos que estavam em posse do tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência, mostram detalhes do planejamento do golpe de Estado que previa o rapto de Lula e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
As informações foram divulgadas por Thais Bilenky e José Roberto de Toledo no portal Uol nesta sexta-feira (8) e foram baseadas nas novas informações obtidas pela Polícia Federal (PF) após a recuperação dos arquivos deletados por Cid por meio de um software israelense.
A descoberta fez com que os investigadores ouvissem novas testemunhas, entre elas o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e o general Nilton Diniz Rodrigues, que na época era coronel e se formou nas Forças Especiais do Exército – os chamados Kids Pretos, que participaram ativamente do golpe.
As novas informações mostram que os golpistas prepararam um dossiê detalhado com informações sobre a rotina de Lula, além de nomes e até armamentos dos seguranças do presidente, que tomou posse em 1º de janeiro de 2023.
“O planejamento do golpe previa, portanto, a abordagem e captura de Lula e de Moraes pelos golpistas”, diz a reportagem do Uol, que teve acesso às informações.
A PF acredita que pelas informações levantadas havia, por parte dos golpistas, a previsão de um possível confronto armado com os seguranças de Lula e Moraes.
O ministro do STF teria autorizado a PF a prorrogar as investigações por mais 60 dias diante das novas evidências. Assim, o indiciamento de Bolsonaro e da organização criminosa golpista, previsto para este mês de novembro, só deve acontecer no início de 2025.
Novas condenações
Na terça-feira (5), o STF condenou mais 14 participantes dos atos golpistas do 8 de Janeiro, que não haviam aceitado o acordo de não persecução penal proposto pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Essa nova leva incluía apenas golpistas que permaneceram no acampamento em frente ao quartel-general do Exército em Brasília durante os atos de terror na Praça dos Três Poderes e por isso foram condenados por crimes de menor gravidade.
Segundo Moraes, que teve voto acompanhado de todos os ministros – incluindo Kássio Nunes Marques e André Mendonça – essas pessoas sabiam previamente das ações e deram suporte à tentativa de golpe.
Eles foram condenados por associação criminosa, com um ano de cadeia, e incitação ao crime – por pedir intervenção de militares – com pena de multa de 10 salários mínimos.
Todos eles tiveram os passaportes retidos e terão que prestar 225 horas de serviços à comunidade.