O retorno de Donald Trump à Casa Branca também pode ser uma vitória para um de seus apoiadores mais vocais: Elon Musk.
O homem mais rico do mundo passou a noite da eleição no resort de luxo de Trump, na Flórida, onde outros apoiadores também acompanhavam a apuração dos votos.
De lá, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou vídeos e fotos nas redes sociais.
“O povo da América deu a @realDonaldTrump um mandato cristalino para a mudança esta noite”, escreveu Musk na sua rede social, o X (antigo Twitter), quando a vitória de Trump começou a parecer quase certa.
E em seu discurso de vitória no Palm Beach Convention Center, Trump passou vários minutos elogiando Musk e contando o pouso bem-sucedido de um foguete fabricado por uma das empresas de Musk, a SpaceX.
Musk deu seu apoio ao republicano quase imediatamente após a tentativa de assassinato de Trump em Butler, Pensilvânia, em julho.
Como um dos apoiadores mais importantes do presidente eleito, o bilionário da tecnologia doou mais de US$ 119 milhões (R$ 20,6 milhões) para financiar um Super PAC (um comitê de ação política) com o objetivo de reeleger Trump.
Ele também passou as últimas semanas antes do dia da eleição realizando um esforço para fazer as pessoas votarem nos Estados indecisos, que incluía uma doação diária de US$ 1 milhão aos eleitores.
A doação se tornou objeto de uma contestação legal, mas um juiz decidiu que era procedente.
Após colocar seu nome, dinheiro e plataforma atrás de Trump, Musk tem muito a ganhar com a reeleição do republicano.
O presidente eleito disse que em um segundo mandato, ele convidaria Musk para sua administração para eliminar o desperdício de recursos públicos.
Musk se referiu ao esforço potencial como o “Departamento de Eficiência Governamental”, ou DOGE, o nome de um meme e criptomoeda que ele popularizou.
O empresário também pode se beneficiar da presidência de Trump por meio de sua propriedade da SpaceX, que já domina o negócio de enviar satélites governamentais para o espaço.
Com um aliado próximo na Casa Branca, Musk pode tentar capitalizar ainda mais esses laços governamentais.
O empresário bilionário criticou rivais, incluindo a Boeing, pela estrutura de seus contratos governamentais, que ele diz desincentivar a conclusão de projetos dentro do orçamento e do prazo.
A SpaceX também começou a construir satélites espiões no momento em que o Pentágono e as agências de espionagem americanas parecem prontas para investir bilhões de dólares neles.
A fabricante de veículos elétricos de Musk, a Tesla, pode, enquanto isso, colher ganhos de uma administração que Trump disse que seria definida pela “menor carga regulatória”.
No mês passado, a agência dos EUA encarregada de regulamentar a segurança nas estradas revelou que estava investigando os sistemas de software de direção autônoma da Tesla.
Musk também foi criticado por supostamente tentar impedir que os trabalhadores da Tesla se sindicalizassem.
O sindicato United Auto Workers entrou com acusações de práticas trabalhistas injustas contra Trump e Musk depois que os dois falaram sobre Musk ter supostamente demitido trabalhadores em greve durante uma conversa no X.
Trump também prometeu reduzir os impostos sobre as corporações e os ricos.
Essa é outra promessa que Musk provavelmente espera ver cumprida.
No Brasil, a plataforma X passou mais de um mês bloqueada em meio a uma queda de braço entre Musk e o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciada no ano passado.
As tensões tiveram início quando o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, determinou a suspensão de contas de redes sociais de diversas pessoas ligadas aos protestos golpistas de janeiro de 2023 em Brasília.
Outras empresas cumpriram a ordem, mas o X não. Musk não suspendeu as contas e ainda acusou o Supremo de censura, publicando provocações e ironias em sua rede social destinadas a Alexandre de Moraes.
No fim, Musk deixou de publicar suas provocações e sua empresa voltou atrás na decisão de descumprir ordens judiciais dadas pela Justiça brasileira.