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Hepatite A ressurge e Capital tenta barrar sua transmissão
Após 3 anos sem nenhum caso, 92 foram registrados em Campo Grande; Secretaria Municipal de Saúde tenta traçar estratégias de combate à doença
Por meio de pesquisa ativa, a Prefeitura de Campo Grande tenta barrar a transmissão da hepatite A, que estava eliminada da Capital há três anos, mas ressurgiu em 2024.
O aumento de casos da doença, que é transmitida por meio da via fecal-oral (contato de fezes com a boca), pode ter ocorrido em função da ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes humanas e está sendo monitorado pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).
O primeiro caso de hepatite A foi registrado em abril deste ano. Em um período de seis meses desde então, foram confirmados 92 casos da doença em Campo Grande.
Para barrar a transmissão da hepatite A, a Sesau tem realizado uma busca ativa, por meio de questionários que estão sendo enviados para pessoas que foram contaminadas pela doença.
O objetivo da ação é entender qual é o perfil dos pacientes que tiveram hepatite A para que a Sesau possa elaborar um plano de combate à doença, que tem vacina e outros métodos de prevenção.
De acordo com a superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, Veruska Lahdo, dependendo das respostas obtidas por meio dos questionários, será possível identificar a provável fonte da contaminação.
“A importância do questionário é tentar identificar a provável fonte de infecção e a via de contaminação para a tomada de decisão assertiva em relação às ações necessárias, para a quebra da cadeia de transmissão”, informou Veruska.
O questionário, que é enviado pela Sesau por meio do WhatsApp, foi elaborado com 53 perguntas objetivas, e os pacientes acometidos pela doença podem responder sem se identificar.
Segundo a Sesau, desde quando a ação começou, há uma semana, das 92 pessoas que tiveram a doença, apenas 19 responderam.
“Se um número robusto de acometidos responder a todas as questões de forma clara e sincera, esperamos conseguir identificar quando, onde e como se deu a transmissão e qual a via de transmissão, para podermos traçar um perfil de ação assertiva, talvez até mesmo vacinal”, acrescentou Veruska Lahdo, sobre a importância das informações declaradas no questionário.
Entre as perguntas elaboradas pelo formulário estão: se o acometido teve contato anterior com pessoas com hepatite A; se foi hospitalizado; e se onde mora tem ou não rede de esgoto.
Tendo em vista a possibilidade da contaminação ser proveniente da água consumida da rede de esgoto, a Sesau realizou 14 coletas de água em diferentes regiões de Campo Grande e, de acordo com o laboratório Evandro Chagas, que realizou a pesquisa, nenhuma coleta deu positivo para contaminação com o vírus da hepatite A.
A Sesau também identificou que, entre os 92 infectados com a doença em Campo Grande, 31 moram na região Anhanduizinho, localidade com maior densidade populacional da Capital. Desse quantitativo, os bairros com maior incidência são Jaci e Nhanhá.
Conforme informado pelo Setor de Vigilância em Saúde da Sesau, mãos sujas com resíduos de fezes também podem levar à contaminação na preparação de alimentos.
Outras formas de transmissão são o contato pessoal próximo (intradomiciliar, pessoas em situação de rua ou entre crianças em creches).
PREVENÇÃO
A vacina da hepatite A é recomendada no calendário básico de vacinação de rotina do SUS para todas as crianças de 15 meses de idade. Segundo a Sesau, a vacina está disponível em todas as Unidades de Saúde da Família (USFs).
Além disso, a vacina está disponível para todos os públicos na rede privada da Capital. Em Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Cries), está disponível no esquema de duas doses, com intervalo mínimo de seis meses, para pessoas acima de 1 ano de idade.
Conforme informado pela superintendente de Vigilância em Saúde de Campo Grande, para evitar a contaminação por hepatite A, é importante beber água tratada, fervida ou filtrada, cozinhar alimentos antes de consumi-los, principalmente frutos do mar e peixes, e evitar rodas de tereré incluindo compartilhamento da bomba.
Além disso, também é importante evitar compartilhamento de narguilé e higienizar as mãos com água e sabão e álcool em gel 70% antes e depois de preparar alimentos, após usar o banheiro, trocar fraldas, manusear lixos e/ou roupas sujas.
SINTOMAS
Os principais sintomas da hepatite A são: enjoos, vômitos, fadiga, mal-estar, dores musculares, dor abdominal, diarreia ou constipação, pele e olhos amarelados, fezes esbranquiçadas, urina escura, anorexia, febre e fotofobia (que é a sensação de sensibilidade ou aversão a qualquer tipo de luz).
A pessoa que tiver esses sintomas deve procurar a unidade de saúde mais próxima assim que apresentá-los ou quando tiver tido contato com alguém doente que seja caso confirmado.
De acordo com a Sesau, o período de incubação da infecção por hepatite A pode variar de 15 dias a 45 dias após o contato, com média de 30 dias.
Saiba
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a contaminação pela hepatite A tem grande relação com alimentos ou água não seguros e baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal aos quais a população está exposta.