A Prefeitura de Petrópolis confirmou, nesta quinta-feira (07), que a programação do Natal Imperial será menor neste ano. A medida não agradou o trade turístico, que considera a data com um potencial enorme para atrair turistas. A festa começa no dia 29 de novembro e, mesmo com a proximidade para o início, o governo municipal disse que o cronograma completo das atrações será divulgado em breve.
A presidente da Associação de Guias de Turismo de Petrópolis (AGP), Raquel Neves, diz, que por conta da falta de informações sobre a decoração, iluminação da cidade e programação cultural, muitos turistas já escolheram outros destinos, como Miguel Pereira, Nova Friburgo, Guapimirim e Itatiaia (Penedo).
“O Natal Imperial é um evento que já se consolidou no calendário cultural e turístico da cidade, mas infelizmente a gestão pública não entende a importância de se organizar e planejar um evento dessa magnitude com antecedência”, lamentou.
Ausência de planejamento
O presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau (PC&VB), Samir El Ghaoui, lembrou que o trade tentou a participação dos representantes do setor na organização de eventos, negada pela Prefeitura e pelo Conselho do Turismo. O receio era a redução da festa, uma vez que, em 2023, as dificuldades foram muitas: licitações foram feitas em cima da hora, a festa terminou antes do previsto e a Prefeitura precisou diminuir o valor das barracas, como forma de ressarcir os comerciantes.
“Este evento emblemático, que atrai turistas de todo o país, é fundamental para o setor, gerando ocupação hoteleira e movimentando serviços diversos, como gastronomia e transporte. Sem os atrativos de outros anos, o turismo pode sofrer uma desaceleração, prejudicando empregos e a economia da cidade. O Petrópolis Convention & Visitors Bureau reforça a importância de manter as ações de promoção turística e buscar novas estratégias para continuar a receber os visitantes, mesmo com um evento mais modesto”, afirmou o presidente do PC&VB.
Os guias de turismo também enfrentam as reclamações dos turistas, quando o evento não atinge as expectativas dos visitantes. Após os problemas no Natal de 2023, a AGP também pediu correções, mas afirma que nada foi feito pelo atual governo. Os profissionais são autônomos e veem nos períodos de eventos uma grande possibilidade de trabalho.
“Nós faremos o nosso melhor diante das adversidades, mas o Turismo precisa ser tratado de forma séria e responsável, pois movimenta a nossa economia, além de gerar emprego e renda para milhares de famílias”, relatou Raquel Neves.
Impactos na economia
O presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação (SindTurismo), Germano Valente, também lembrou da intersetorialidade da festa, que movimenta gastronomia, hotelaria, serviços e comércio. Em 2019, por exemplo, a edição anterior à pandemia atraiu meio milhão de visitantes e injetou mais de R$ 300 milhões na economia.
“Muitas contratações são geradas neste período em função deste aumento de fluxo turístico, que atrai dinheiro de fora para dentro da nossa economia, ou seja, influenciando diretamente na geração de emprego e renda”, explicou Valente.
Com todo o potencial econômico da festa, a redução causa preocupações também ao comércio local. Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Petrópolis, Claudio Mohammad, o aumento do fluxo de visitantes impacta diretamente nas vendas.
“Com uma programação menor, o impacto financeiro será sentido não apenas pelas lojas do Centro Histórico, mas também pelos negócios em todos os distritos que aguardam ansiosamente essa época. A CDL Petrópolis lamenta que o turismo, que se entrelaça com outros segmentos econômicos como comércio e prestadores de serviço, seja conduzido de forma amadora, considerando a importância para a economia da cidade”, afirmou Mohammad.
Prefeitura explica programação reduzida
Em nota divulgada nesta quinta-feira (07), a Prefeitura informou que o Natal Imperial terá atrações culturais e decoração até 5 de janeiro de 2025. A secretária de Cultura, Diana Iliescu, esclareceu que a programação reduzida é devido à queda na arrecadação do ICMS. Com isso, a programação será “enxuta” e voltada para famílias e o público infantil.
“Nosso desejo era fazer uma grande festa, mas devido aos poucos recursos a prioridade é manter os serviços essenciais da Prefeitura”, justificou.
A Prefeitura não respondeu às críticas sobre a falta de organização e o impacto no setor.