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Arquivos recuperados pela PF no celular de Cid revelam monitoramento detalhado de segurança de Lula, diz site

Lula com segurança reforçada no dia da posse, em 1º de Janeiro de 2023, poucos dias antes de Brasília ser palco de uma tentativa de golpe. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Novos desdobramentos do inquérito sobre a tentativa de golpe de 8 de Janeiro de 2023 indicam que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) monitoraram detalhadamente a rotina e o armamento dos responsáveis pela segurança de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

As informações foram recuperadas pela Polícia Federal no celular e outros aparelhos eletrônicos do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, com o auxílio de um software israelense. O teor dos arquivos recuperados foi revelado pelo site UOL nesta sexta-feira 8.

Os documentos, aponta a reportagem, continham uma lista com os nomes de cada um dos seguranças que integrava a equipe, bem como os detalhes da rotina do presidente eleito e desses protetores. O monitoramento também continha um levantamento detalhado de quais armas eram usadas pela equipe responsável por proteger Lula e de como funcionava o esquema de proteção do político. As mesmas informações foram coletadas sobre a equipe de Moraes.

Segundo a publicação, os registros indicam que o grupo golpista montado no entorno de Bolsonaro poderia estar se preparando para um possível confronto com seguranças de Lula e Moraes. O político e o ministro, porém, estavam fora de Brasília no dia do ataque. O monitoramento pode indicar, também, que os golpistas planejavam a captura de Lula, além do já revelado plano para prender Moraes.

Diante dessas novas provas, a Polícia Federal convocou depoimentos de novas testemunhas, incluindo altos oficiais militares e ex-integrantes do governo Bolsonaro, como o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL). A operação também inclui o depoimento do general Nilton Dias Rodrigues, integrante das forças especiais do Exército.

Essas descobertas, dizem investigadores ao site, motivaram a prorrogação do inquérito por pelo menos mais 60 dias. O prazo permitirá aprofundar a apuração sobre o envolvimento de figuras do alto escalão do governo anterior na trama golpista.

Além dos participantes da tentativa de golpe já condenados por invadir e depredar os prédios dos Três Poderes, oficiais militares e ex-integrantes do governo federal também podem ser indiciados no caso. Os crimes apontados devem ser a abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Nos bastidores, Bolsonaro tenta se antecipar e segue com as articulações para que Congresso aprove uma PEC que visa anistiar os golpistas condenados. A medida também poderia beneficiar o próprio ex-presidente. A ideia, neste caso, também é recuperar direitos políticos para concorrer ao Planalto em 2026.

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