Presidente argentino, Milei foi convidado a ser orador numa conferência conservadora e a sentar-se à mesa com Trump, na próxima semana
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Milei e Trump estarão juntos na próxima semana na residência de Mar-a-Lago, casa do presidente eleito dos Estados Unidos. O argentino foi convidado a ser orador numa conferência conservadora e a sentar-se à mesa com Trump, com o vice-presidente eleito, James David Vance, e com o provável secretário de Estado Ric Grenell. Milei quer ser a referência de Trump na América Latina, ofuscando a liderança do Brasil.
Nenhum outro presidente latino-americano é mais próximo do eleito Donald Trump do que o argentino Javier Milei, e isso ficou evidente no convite que o presidente argentino recebeu para ser orador na Conferência de Ação Política Conservadora (Cpac), em 14 e 15 de novembro, na luxuosa mansão de Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida.
“Se o presidente Milei puder ser orador, seria sensato sentar-se com o presidente Trump, com o vice-presidente Vance e com Grenell, separadamente, enquanto estiver em Mar-a-Lago”, diz o convite que Milei recebeu e ao qual a RFI, parceiro do Metrópoles, teve acesso.
Além de ser convidado a ficar separadamente com Trump, a importância dada a Milei fica evidente com a exclusividade da conferência, da qual só participam os principais doadores e ativistas da campanha bem-sucedida de Donald Trump à presidência.
“A CPAC sediará seu retiro anual pós-eleição para os principais doadores e ativistas na próxima semana em Mar-a-Lago. O evento é anunciado como um relatório anual sobre as atividades da sua rede de causas conservadoras. É uma conferência de três dias”, indica o convite.
Participarão do evento, além de Donald Trump, o vice-presidente eleito, J.D. Vance, o provável secretário de Estado, Ric Grenell, e o provável procurador-geral, Matt Whitaker. O empresário Elon Musk deve ser outro confirmado. Nas últimas horas, Milei e Musk trocaram mensagens sobre a eleição de Donald Trump.
Em 24 de fevereiro, Milei e Trump tinham-se cruzado na anterior edição da CPAC, em Maryland. Na ocasião, emocionado e eufórico, o presidente argentino, Javier Milei, declarou o seu apoio político ao aliado Donald Trump num breve encontro pessoal.
“O senhor foi um grande presidente e espero que ganhe. Espero vê-lo outra vez. Da próxima vez, como presidente”, declarou o presidente argentino ao republicano. “Eu também espero (ganhar)”, concordou Donald Trump entre abraços com Javier Milei.
A troca de confetes terminou com Donald Trump a repetir o seu clássico “MAGA”, mas trocando “America” por “Argentina”: “Make Argentina Great Again” (Faça a Argentina Grande Novamente). Ao que Javier Milei respondeu com o seu também tradicional “Viva La Libertad, carajo”.
Antes do encontro, durante o seu discurso, Trump deixou claro que Milei era o convidado da extrema direita mais importante da conferência conservadora.
“Está aqui o presidente da Argentina, Javier Milei. É um grande senhor. Vocês sabem: ‘MAGA’, Make Argentina Great Again. Ele é um cara fabuloso e um dos poucos que pode realmente fazer (MAGA). Obrigado, Milei. Muito obrigado. É uma grande honra tê-lo aqui”, exaltou Trump.
Estado de euforia
Assim que a vitória de Donald Trump foi confirmada, Milei foi um dos primeiros presidentes do mundo a dar os parabéns a Trump, dizendo que “pode contar com a Argentina para cumprir com a tarefa de engrandecer novamente a América”.
“Faça a América Grande de Novo. Sabe que pode contar com a Argentina para realizar a sua tarefa”, publicou Milei tanto por escrito quanto num vídeo, de acordo com a rede social de cada publicação.
Esse grau de euforia marcou os últimos dias na Casa Rosada, sede do governo argentino, onde todos vestiram alguma peça de roupa com a cor vermelha (os homens, gravatas), em homenagem à cor do Partido Republicano, de Donald Trump.
Os Estados Unidos são o terceiro maior sócio comercial da Argentina, atrás de Brasil e China, respectivamente.
Com Trump, segundo analistas, a Argentina terá possíveis vantagens financeiras no curto prazo, como um novo empréstimo do Fundo Monetário Internacional, organismo no qual os Estados Unidos são o principal acionista, mas desvantagens comerciais no médio prazo, devido à tendência protecionista de Trump.
Referência regional
Milei deve ser o único presidente da América Latina a ser recebido por Trump antes na posse em 20 de janeiro de 2025. Devido à sua proximidade ideológica, o presidente argentino tem a intenção de ser a referência de Trump entre os líderes da região, em oposição ao presidente brasileiro, Lula da Silva.
“Trump é um expoente do mundo livre, ocidental e capitalista. A sua liderança vai encontrar um apoio incondicional do nosso país para defender a vida, a liberdade e a propriedade. Tanto a Argentina como os Estados Unidos são um farol de liberdade num mundo que perdeu o rumo devido a ideias errôneas”, disse o porta-voz de Milei, Manuel Adorni.
O próprio Milei costuma repetir que os dois líderes mais importantes do mundo são ele e Trump.
“Sou um dos dois políticos mais relevantes do planeta Terra. O outro é Trump”, sentenciou numa recente entrevista.
“(Joe) Biden e Milei tinham uma relação formal, boa, mas, com Trump, é mais próxima, mais afim. Sempre as relações pessoais contribuem”, concluiu o chanceler argentino, Gerardo Werthein.
Leia mais reportagem no RFI, parceiro do Metrópoles.
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