Economy & Finance

Reciclagem é fator decisivo para evitar escassez de metais raros

Reciclagem é fator decisivo para evitar escassez de metais raros
Vista aérea da salmoura de lítio do grupo chileno SQM (Sociedad Química Minera) no deserto do Atacama, no Chile, em 12 de setembro de 2022 (Arquivo)

Para evitar a escassez de metais raros como o cobalto e o lítio, decisivos na transição energética, a reciclagem será essencial, advertem os especialistas.

Do Peru até a França, passando pelos EUA, todos os países reivindicam a soberania sobre esses metais estratégicos, o que é motivo de preocupação global, em particular porque a China tem estendido sigilosamente a sua hegemonia durante anos, tanto na produção como no refino.

“Entre 35% e 70% da capacidade de refino está nas mãos da China”, relembra o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, em um recente informe sobre competitividade europeia.

A Agência Internacional de Energia (AIE) advertiu em maio sobre o risco de tensões no fornecimento e, além disso, uma possível escassez de cobre ou lítio, indispensáveis para a implantação de tecnologias de baixo carbono, como carros elétricos ou energia eólica.

O preço do lítio, do níquel e do carbono baixaram em 2023, no entanto, este declínio poderia reduzir os investimentos em mineração necessários para manter o fornecimento.

Durante a conferência anual da ONU sobre o clima (COP29), que começará na segunda-feira (11) no Azerbaijão, o Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM) planejou nada menos que seis comunicações diferentes sobre a unidade de mineração.

No entanto, “a indústria de mineração enfrenta, hoje, um grande problema de financiamento”, destaca à AFP Moez Ajmi, especialista em energia da Europa na consultora EY.

As necessidades são gigantescas. Em uma mina tradicional da República Democrática do Congo são produzidas, em média, apenas 3 gramas de cobre por tonelada de terra escavada e 0,5 grama por tonelada no Chile, diz Christian Mion, diretor de mineração da EY.

– Um pico “em meados da década de 2030”-

Todos os Estados incentivam a mineração e os Estados Unidos, com sua recente lei “anti-inflação” (IRA), buscam garantir o fornecimento de metais essenciais.

A Europa também lançou um “Critical Minerals Act”, que entrará em vigor este ano, e a Arábia Saudita injetou US$ 500 milhões (valor em 2,8 bilhões na cotação atual) para estabelecer seu cadastro de mineração.

O gigante petroleiro ExxonMobil anunciou há um ano seus planos para se converter no principal produtor de lítio dos Estados Unidos, utilizando técnicas que extração de petróleo e gás para explorar um veio subterrâneo de salmoura de lítio no Arkansas.

No entanto, devido à quantidade considerável de investimentos em equipamentos, salários e transporte, e ao tempo de várias décadas para que os projetos surjam, outras soluções estão sendo consideradas.

“Para mim, a solução mais realista é a reciclagem”, destaca Ajmi.

Segundo Draghi, a circulação dos metais poderia satisfazer por si só 50% da demanda mundial a longo prazo.

De acordo com Ajmi, uma indústria de reciclagem poderia representar entre 10% e 15% do PIB dos países em desenvolvimento em quinze anos, “desde que os bancos e os Estados apoiem os projetos”.

Em um artigo recente chamado “Baterias, o ciclo mineral”, o grupo de reflexão americano RMI estima, inclusive, que o pico de mineração de minerais estratégicos para baterias deve ocorrer em meados da década de 2030.

Com a melhora das técnicas de reciclagem e da extensão da vida útil das baterias, a demanda por minerais virgens para baterias poderá ser nula até 2040, observa a RMI.

A reciclagem poderia então atender às necessidades do mercado de baterias elétricas e o mundo não precisaria mais escavar.

LEAVE A RESPONSE

Your email address will not be published. Required fields are marked *