Estudo sobre transmissão vertical do vírus em caso de morte fetal foi publicado na revista científica New England Journal of Medicine
Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi publicado na revista científica New England Journal of Medicine. Pesquisa confirma a transmissão vertical do vírus causador da febre do oropouche em um caso de morte fetal registrado no Ceará.
A detecção da transmissão vertical foi realizada pelo serviço de vigilância da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa/CE). O estudo foi publicado na revista americana no dia 30 de outubro e divulgado pela Fiocruz na última terça-feira, 5.
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Também colaboraram com o estudo:
- Universidade de Fortaleza (Unifor);
- Universidade Federal do Ceará (UFC);
- Serviço de Verificação de Óbitos do Ceará Dr. Rocha Furtado (SVO/Sesa/CE);
- Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen-CE);
- IOC/Fiocruz;
- Faculdade São Leopoldo Mandic;
- Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE).
Além desse caso, outros dois registros confirmados de transmissão vertical correspondem a um caso de óbito fetal em Pernambuco e um caso de anomalias congênitas no Acre.
Até a semana epidemiológica (SE) 41, de 6 a 12 de outubro, foram confirmados 231 casos de febre do oropouche. A maioria dos pacientes reside ou frequenta a zona rural de seus municípios, de acordo com o mais recente boletim da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa/CE).
Entre a SE 33 e a SE 34, houve a queda de novos casos mais relevante — de 36 para 10 novos registros. Das semanas 35 a 39, foram registrados 4, 2, 2 e 1 novos casos, consecutivamente.
Morte fetal foi registrada no dia 5 de julho
Conforme a Fiocruz, a gestante, tem 40 anos e reside na região do Maciço de Baturité. Ela começou a apresentar sintomas compatíveis com Oropouche, como febre e dores no corpo e de cabeça, no dia 24 de julho, durante a 30ª semana da gravidez. A gestante teve a infecção confirmada.
No dia 5 de agosto, houve o diagnóstico de morte fetal. Com autorização da família, os especialistas realizaram procedimentos minimamente invasivos para coletar amostras do bebê.
No Lacen-CE, o vírus Oropouche foi detectado em diversas amostras fetais, incluindo líquido cefalorraquidiano e tecidos cerebral, pulmonar e hepático, além do cordão umbilical e da placenta.
Após confirmação do resultado positivo, foi realizado o sequenciamento genético do vírus detectado no feto nos laboratórios de referência, conforme a Fiocruz.
A análise apontou a presença da linhagem chamada de OROVBR_2015-2024, que emergiu recentemente no Brasil e foi caracterizada em artigo publicado na revista científica ‘Nature Medicine’, liderado pelo IOC e pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia).
Conforme o artigo, os resultados enfatizam os riscos da infecção pelo vírus do oropouche na gravidez e a necessidade de considerar a possibilidade de infecção em gestantes que sintomas sugestivos que vivam ou visitem regiões nas quais o vírus é endêmico ou emergente.