Considerado um dos principais pontos turísticos de Estrela, a Escadaria do Rio Taquari foi uma importante passagem entre o manancial e o centro da cidade no século passado. Por ali chegavam os produtos que abasteciam o município, ocorria a distribuição da produção e por onde passavam os viajantes.

Inaugurada em outubro de 1924, a Escadaria completa 100 anos. Ao longo dos anos, passou por diversas transformações. Após contribuir com o desenvolvimento econômico de Estrela, teve o acesso fechado e voltou a receber visitantes quase 40 anos depois. Atualmente, a população utiliza o espaço para momentos de lazer.

Historiador e pesquisador, Airton Engster dos Santos relata que a Escadaria foi inaugurada durante uma troca de governo entre Pontes Filho e Marcolino Mallmann. “Os produtos eram embarcados e seguiam para os grandes centros. As operações de carga e descarga eram feitas em trapiches e maxambombas estruturadas no antigo Porto”, conta.

Todo o transporte era feito pelo Rio Taquari, aponta o historiador. Naquela época não existiam pontes que ligavam os municípios de Estrela e Lajeado. Em referência ao crescimento econômico da cidade, foram colocadas duas estátuas que representam a indústria e comércio no alto da Escadaria, hoje conhecidas como “Adão e Eva”.

Impacto de cheias

O alto movimento registrado nos primeiros anos após a inauguração teve declínio em decorrência das cheias que atingiam os comércios localizados às margens do rio e dificultavam a navegação pelo Rio Taquari. Além dos prejuízos econômicos e sociais, a linha de barcos em direção à região alta foi desativada devido às condições do manancial.

“Esses acontecimentos impactaram a comercialização. A navegação pelo Rio Taquari era possível em momentos de grande precipitação”, comenta Engster. Segundo ele, com o passar dos anos, a atividade foi desativada. Ainda assim, a população utilizava a Escadaria para ter acesso ao manancial, principalmente para banho. “Era a ligação do rio com a comunidade”, afirma.

Ruas e acesso fechados

A partir da ampliação da Cervejaria Polar, a população perdeu o acesso direto ao manancial. Segundo o pesquisador, diversos quarteirões foram entregues à empresa para ampliação da indústria de bebidas. “O porto foi destruído em 1974 e as estátuas foram colocadas na escadaria da rua Chá-Chá Pereira”, destaca. Um prédio foi edificado em cima do espaço que dá acesso à Escadaria do Rio Taquari.

Levou mais de 30 anos para que a comunidade em geral tivesse acesso à localidade novamente. A partir do fechamento da fábrica da Polar em 2006, se projeta a restauração do espaço. De acordo com Engster, em 2007, o governo de Celso Brönstrup adquiriu as áreas, junto da iniciativa privada. Em 2008, as ruas foram reabertas, evento que contou com a participação da população.

• 1924

• 1941

• 1962

Construção da primeira ponte entre Estrela e Lajeado. Alternativa à navegação.

• 1974

• 1976

Praia de Cascalho, um dos pontos mais utilizados pela população no período de verão, ficou submersa a partir do fechamento das comportas da barragem de Bom Retiro do Sul. Objetivo era garantir navegabilidade pelo manancial até o Porto de Estrela.

• 2006

A cervejaria Polar foi fechada. O governo municipal adquiriu, junto à iniciativa privada, o espaço em 2007.

Inauguração da terceira etapa de restauração do espaço, com praça, banheiros, mirante e palco.