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Entenda por que a eleição de Donald Trump nos EUA pode impactar a economia de Minas

A partir de janeiro de 2025, Casa Branca deve aumentar impostos sobre importados no país

No primeiro governo de Donald Trump, entre 2016 e 2020, medidas protecionistas marcaram a relação comercial com outros países

A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos impõe um desafio econômico a Minas Gerais. O resultado da eleição foi celebrado pelo governador Romeu Zema (Novo), mas o país é o segundo maior parceiro comercial do estado, respondendo por cerca de 12% das importações mineiras, somando US$ 450,1 milhões.

Os bons números, no entanto, estão sob tensão, já que os setores produtivos mineiros podem observar dificuldades nas negociações com o mercado estadunidense a partir de 2025 – quando o ex-presidente retornará à Casa Branca. O pacote econômico projetado pelo republicano para o país prevê uma valorização da produção nacional e aumento de impostos a produtos importados.

A promessa é de aumentar tarifas entre 10% e 20% sobre praticamente todos as importações dos EUA, incluindo as que vêm de países aliados, e em pelo menos 60% sobre as da China. Não se sabe ainda qual percentual poderá ser aplicado às mercadorias brasileiras, por exemplo, e como a política protecionista funcionará. 

Ainda assim, de acordo com a analista de negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Veronica Winter, o cenário deverá exigir uma busca por diversificação dos mercados para ampliar as parcerias comerciais mineiras. “Tem que ter essa atenção para a diversificação de mercados porque (a política de Trump) pode gerar dificuldades de exportação para os Estados Unidos, principalmente nos produtos de maior valor agregado”, destaca. 

A China, que hoje é o principal parceiro comercial de Minas – seguindo a tendência nacional, pode ser um mercado explorado com mais intensidade, conforme Verônica. Entretanto, ela prega com cautela, tendo em vista a previsão do novo governo dos Estados Unidos em aplicar uma tributação maior de importações sobre os asiáticos. 

“A China já é nosso principal parceiro comercial, podemos aumentar esse comércio com a China. Por um lado vai ser bom, mas por outro a gente pode enfrentar alguma dificuldade em termos de produtos chineses que iriam para os Estados Unidos acabarem vindo para o Brasil”, observou a analista da Fiemg sobre uma ´possível pressão sobre o mercado interno.

A atração de investimentos também é fator de preocupação, conforme Verônica Winter, com a possibilidade de aumento de juros nos Estados Unidos a partir de 2025. Na campanha, Trump associou a medida ao controle da inflação. “Isso pode dificultar a atração de investimentos para o Brasil. Os investidores vão voltar a olhar para os Estados Unidos considerando a taxa de juros, valorização da moeda porque o dólar vai ficar mais valorizado”, projeta.

Ela acredita em impactos maiores para o setor siderúrgico e indústria automotiva. Na lista de exportações aos EUA, entre os principais produtos estão ferroligas e minério de ferro. No caso do café, que tem a América Central como o principal destino, ela não projeta mudanças. A reportagem procurou a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), mas a entidade não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta edição. 

A reportagem também entrou em contato com o Instituto Aço Brasil, que ainda apura possíveis impactos ao setor.

Primeiro governo

Para o coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec, Adriano Gianturco, as medidas de Trump anunciadas para o mandato que se inicia em 2025 têm lastro no primeiro governo do republicano à frente da Casa Branca, entre 2016 e 2020. 

“É muito provável que aconteça, primeiramente pelo histórico do que já aconteceu no primeiro governo dele, que foi marcado por políticas protecionistas. E ele terá um congresso alinhado à direita, então muito possivelmente vai conseguir aprovar essas medidas”, garante o especialista. 

Gianturco observa que as medidas protecionistas implementadas por Donald Trump no primeiro mandato seguiram no governo de Joe Biden, e poderiam também ter manutenção caso Kamala Harris tivesse vencido a eleição. “Com Biden todas as medidas aprovadas com Trump continuaram, bem como ele aprofundou em alguns setores como o siderúrgico. O partido Democrata foi tão protecionista quanto os republicanos”, complementa. 

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