O coração é um músculo forte, do tamanho aproximado de um punho, e tem a função de bombear o sangue, de forma contínua, por todos os sistemas de seu corpo. Mas algumas situações podem enfraquecê-lo, fazendo com que ele não seja capaz de trabalhar como deveria. Isso leva a uma síndrome conhecida como insuficiência cardíaca.
Dois sintomas para ficar atento
Os sinais podem aparecer de forma repentina ou evoluir ao longo do tempo. Os principais sintomas que ligam o alerta são:
- Falta de ar
- Cansaço ao fazer esforço
Mas podem ocorrer também as seguintes manifestações:
Palpitações;
Retenção de líquidos (inchaço nas pernas e tornozelos, com piora no período da tarde);
Ganho de peso por inchaço;
Dificuldade de respirar na posição deitada (ortopneia) que melhora quando se senta.
A cardiologista Lidia Zytynski Moura esclarece que a ortopneia é uma queixa típica dos pacientes com insuficiência cardíaca. Eles relatam que precisam dormir sentados para afastar a sensação de afogamento.
“Tal situação decorre da evolução da doença, que leva ao acúmulo de líquidos nos pulmões”, fala a médica. “Quando o paciente está em pé, esse líquido se instala na base do pulmão; ao deitar-se, ele se espalha pelo órgão, ocupa mais alvéolos, impedindo a respiração. O paciente só sente confortável na posição sentada.”
Sintomas menos comuns
Algumas pessoas podem apresentar sintomas considerados menos frequentes. Confira:
Tosse persistente, que pode aumentar durante a noite;
Inchaço no abdome;
Perda do apetite;
Perda de peso;
Confusão;
Vertigem e desmaio;
Coração acelerado;
Depressão e ansiedade (decorrentes dos transtornos emocionais relacionados à gravidade da doença).
Por que a insuficiência cardíaca acontece?
A função do coração é bombear sangue, e essa tarefa acontece em duas etapas: na primeira, o coração bombeia sangue para as artérias; na segunda, ele tira sangue das veias. Quando esse mecanismo funciona de forma incorreta, surge a insuficiência cardíaca.
Esse mau funcionamento leva à redução do fluxo sanguíneo para o corpo, além do acúmulo do sangue que regressa ao coração, congestionando as veias. Assim, o coração vai enfraquecendo, até que se torna incapaz de bombear sangue suficiente para as necessidades metabólicas do organismo.
A insuficiência é a consequência final de todas as doenças do coração (cardiopatias) que tiveram uma evolução desfavorável ao longo da vida. No Brasil, a principal delas é a doença isquêmica (enfermidades arteriais coronarianas que podem levar ao infarto).
Confira outras condições que podem ter como desfecho a insuficiência (por ordem de maior incidência):
- Miocardites (como doenças pós-virais);
- Hipertensão (cardiomiopatia hipertensiva, resultado da hipertensão não tratada);
- Doença genética (cardiomiopatias de origem familiar, como a cardiomiopatia hipertrófica — engrossamento do músculo do coração e a própria miocardiopatia dilatada familiar);
- Doença de Chagas (presente ainda na América Latina e em algumas regiões do país);
- Doença valvar (insuficiência aórtica);
- Taquicardiomiopatias (arritmias).
Hábitos de vida como tabagismo, dieta rica em gordura, sódio, colesterol alto, sedentarismo e consumo de álcool também estão relacionados à insuficiência cardíaca. Mais raramente, anemia, hipertireoidismo, hipertensão pulmonar, igualmente, podem levar ao problema. Diabetes e obesidade também são considerados fatores de risco para o desenvolvimento da doença.
Quando procurar ajuda médica
O sinal de alerta é notar que já não é possível fazer as atividades habituais porque você se sente cansado, tem fôlego curto, até mesmo para tomar banho ou subir escadas.
Em geral, quem faz o primeiro atendimento é o clínico geral ou médico de família. E mesmo que essa primeira consulta ocorra no serviço de pronto-socorro, o plantonista será capaz de avaliar as suas condições gerais.
Uma vez identificada alguma anormalidade, você será encaminhado para o cardiologista.
Dicas dos especialistas
Embora seja considerada uma doença crônica grave, para a qual não existe cura, boa parte dos pacientes pode ter uma melhor qualidade de vida. As condições para isso são a disponibilidade para mudanças no estilo de vida, adesão ao tratamento medicamentoso, além de perseverança para submeter-se ao acompanhamento médico. Quanto mais rápido forem o diagnóstico e o início da terapia, maiores são as chances de sucesso terapêutico.
Além da adesão ao tratamento, coloque em prática as seguintes medidas:
Evite o tabagismo;
Limite o consumo de bebidas alcoólicas;
Siga as orientações de seu médico quanto ao consumo de líquidos;
Adote uma dieta equilibrada rica em frutas, vegetais, carboidratos (prefira os que contenham amido), laticínios, proteínas (grãos, feijões, peixe, carne), com baixa ingestão de gordura saturada, sal e açúcar;
Exercite-se regularmente, e de acordo com as suas possibilidades/necessidades. Converse com seu médico para saber qual prática seria a mais adequada para você;
Verifique se é possível ter algum suporte multidisciplinar na sua região. Suporte psicológico, social e mesmo o auxílio de um fisioterapeuta ajudam a mantê-lo motivado para o tratamento;
Controle o peso regularmente e habitue-se ao autocuidado. Ao notar algum tipo de mudança significativa, fale com seu médico;
Mantenha a sua carteira de vacinação atualizada. Pessoas com insuficiência cardíaca são mais vulneráveis a infecções.