Economy & Finance

Quem vai pagar a conta do desperdício?

Andrea Krewer, CEO da Sodexo Brasil, traz reflexões e caminhos para combater o desperdício de alimentos no Brasil

Vermont lixo orgânico
Foto: iStock
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Estou convencida de que o desperdício de alimentos é um dos problemas mais alarmantes da atualidade, especialmente em um cenário com mudanças climáticas e recursos naturais limitados. De acordo com a Organização das Nações Unidas, estima-se que cerca de um terço de toda a comida produzida no mundo é desperdiçada, causando tanto prejuízos econômicos quanto impactos ambientais profundos e sociais, pois milhões de pessoas ainda passam fome no mundo. Esse desperdício ocorre em todas as etapas da cadeia de produção, desde o cultivo até o consumo.

Cada vez que um alimento é descartado, todos os recursos utilizados em sua produção também se perdem. Isso só aumenta a pressão no meio ambiente e ameaça a sustentabilidade do nosso sistema alimentar. Por isso, acredito que as empresas do setor alimentício têm um papel fundamental nesse processo, pois possuem o poder de influenciar e transformar práticas ao longo de toda a cadeia de produção. A Sodexo, por exemplo, monitora o desperdício de alimentos em tempo real, o que permite uma resposta imediata para reduzir perdas.

Ao usar tecnologia para otimizar a gestão de resíduos e priorizar ingredientes sazonais, reforçamos nosso compromisso com práticas de baixo impacto ambiental. Em nosso ano fiscal 24, registramos uma redução média de 22% no desperdício de alimentos nas operações do Brasil. Esse resultado foi possível por meio de uma combinação de tecnologias, gestão de dados e conscientização de equipes. Os principais resultados incluem a redução de duas mil toneladas de alimentos desperdiçados, o que equivale a mais de 3,7 milhões de refeições. Com isso, alcançamos uma redução média de 27% nas emissões de CO2e em nossas operações. Para completar priorizamos a compra de alimentos de produtores locais, o que reduz a pegada de carbono associada ao transporte e promove uma economia mais justa e resiliente.

desperdício de alimentos maçãs
Foto: Joshua Hoenne | Unsplash

Para mim, essas práticas não só exemplificam o que pode ser feito, mas também servem como inspiração para que outras empresas adotem estratégias semelhantes. Vejo que o movimento em direção à alimentação sustentável não é apenas uma resposta às demandas ambientais; é também uma tendência crescente entre os consumidores, que estão cada vez mais atentos ao impacto de suas escolhas alimentares.

Na Sodexo nos comprometemos a garantir que, até 2030, 70% dos nossos pratos principais sejam de baixo carbono, refletindo essa tendência e atendendo à demanda dos consumidores por opções mais sustentáveis. A pesquisa da Sodexo Food Barometer revelou que 90% dos brasileiros acreditam que uma alimentação sustentável é essencial para o futuro, reforçando, na minha visão, a importância de que as empresas ofereçam soluções que estejam em sintonia com essa consciência crescente.

Com uma população em crescimento e desafios cada vez mais complexos para garantir a segurança alimentar, acredito que a sustentabilidade não é mais um diferencial, mas um padrão necessário. No Brasil, um país com grande potencial para liderar essa transformação, adotar práticas agrícolas sustentáveis e reduzir o desperdício de alimentos pode fazer do país um exemplo global de economia circular e sustentável.

alimentos desperdício
Foto: Foerster CCO 1.0

As empresas devem se perguntar: estamos realmente fazendo o suficiente em relação ao desperdício e à sustentabilidade? A transformação para um sistema alimentar sustentável exige ações concretas e imediatas. Medidas audaciosas e proativas são necessárias, assim como o compromisso de educar as pessoas sobre a importância de escolhas conscientes. Para mim, o futuro da alimentação não depende apenas de uma produção mais eficiente, mas também de um consumo mais consciente e responsável.

A responsabilidade das empresas vai além do cumprimento de normas e regulamentações, elas devem se tornar verdadeiras líderes e catalisadoras da mudança. Em um mundo que enfrenta crises ambientais sem precedentes, acredito que cada decisão de compra, cada refeição preparada, tem o potencial de fortalecer comunidades e promover um estilo de vida mais equilibrado e harmônico com o meio ambiente.

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