Produtora mineira de ficção científica se prepara para lançamento de dois longas-metragens
Criada em 2020, Alfa Centauri Filmes nasceu do desejo de cineasta em se dedicar a produções do gênero
Desde que se lembra, Barbosa Ribeiro sempre gostou de cinema. Já na infância, ele sentia uma predileção especial por filmes de ficção-científica, tais quais “Star Wars”, “Star Trek”, “Planeta dos Macacos”, “De Volta para o Futuro”, “Godzilla”, Star Crash”, entre outros.
Ao chegar na idade adulta, o belo-horizontino desviou um pouco da rota e se formou em direito internacional. Mas a verdade é que ele nunca deixou de lado o interesse pelas telonas. Então, começou a fazer cursos na área, e, em 2019, lançou seu primeiro curta-metragem. A produção foi o pontapé para a criação da sua própria produtora independente, a Alfa Centauri Filmes, criada no ano seguinte.
Quando começou a pensar nos moldes da produtora, logo veio à mente do cineasta um incômodo. “No Brasil, quase não há filmes de ficção científica”, observa. “Percebo que o cinema nacional se interessa muito por comédia ou biografias de artistas famosos. Então, pensei que poderia fazer filmes inspirados nesse gênero”, relembra. A produtora começou pequena, como uma página no Facebook, mas foi tomando forma até lançar seus dois primeiros curtas-metragens, o “Tormenta”, que contou com a participação de Júlia Simoura – ex-participante de “A Fazenda”, que trabalhou em “Cúmplices de um Resgate” (SBT) – e “Um Estranho no Lar.”
Agora, Barbosa Ribeiro se prepara para lançar os dois primeiros longas da Alfa Centauri Filmes: o “Vampiros do Espaço” e o “Um Corpo e Um Sonho.” O primeiro conta a história de seis astronautas que saem para missão no planeta Tau Ceti-3, localizado há 11 anos-luz da Terra, em busca de rastros de uma civilização alienígena.
Depois de algum tempo no espaço, um dos tripulantes passa a ter um comportamento estranho somado a alguns sintomas, como dor de cabeça. A situação vai ficando cada vez mais insustentável até que ele se transforma em um vampiro agressivo. “Essa enfermidade se espalha pela nave, e o restante da equipe precisa fazer de tudo para sobreviver”, conta Barbosa.
A produção está em fase de pós-produção e foi filmada durante seis dias, com gravações realizadas em uma sala de menos de 10 m², no Cidade Nova, e em uma trilha no Jardim Canadá, em Nova Lima. A direção é de Ricardo Assis, da Big Boss Produções, parceira da Alfa Centauri Filmes.
Este será o primeiro longa-metragem brasileiro de ficção científica com temática espacial, segundo Barbosa. “O filme foi produzido com poucos recursos, apenas R$ 14 mil, que saíram do meu bolso”, pontua Barbosa. “Devemos fazer o lançamento para jornalistas em abril, depois vamos levá-lo para festivais, e, em seguida, buscar distribuidoras”, prevê.
No elenco, está a atriz Vanessa Lessa, que interpreta Fabiana, uma personagem extremamente dedicada ao trabalho, mas, ao mesmo tempo, gentil e amorosa com a tripulação. “Ela tem uma relação de amizade e de dedicação com cada um deles, especialmente com o Capitão Telles”, revela Vanessa. Alagoana, a atriz conta que esta é a primeira vez que grava um filme do gênero. “Mas não posso negar: sou uma grande fã da ficção científica. Então, é como realizar um sonho.”
Outra primeira experiência vivida por Vanessa foi gravar em uma sala de 10m². “Aí é que entra o trabalho do ator como um todo, porque esse filme exigiu um grau de abstração muito grande. Tive que entrar no universo sem ter a menor noção de como ele seria. Vou conhecer o cenário somente quando o filme for ao ar”, afirma.
Isso porque “Vampiros do Espaço” foi filmado em chroma key. Além de Vanessa, também participam da produção os atores Thales Fagundes, no papel do protagonista Capitão Telles, Christiano Ômega, Manoel Barbosa, Wladston Bazzoni e Ana Cristina Ciodaro.
Filme aborda transplante de cabeça
O outro projeto mais recente Alfa Centauri Filmes é o filme “Um Corpo e Um Sonho”, aprovado em agosto pela Lei do Audiovisual da Ancine. Com roteiro adaptado pelo diretor Fabrício Santtos, da Fazendo Arte Filmes, o longa se passa em um Brasil distópico, em que o transplante de cabeça para pessoas com graves doenças se tornou uma realidade. “Atualmente, existe uma minoria de médicos que acredita nisso, mas, no futuro em que o filme passa, isso já é possível”, explica Barbosa.
A trama acompanha a história de Valentina, uma jovem com triplegia (deficiência que se caracteriza pela perda total dos movimentos de três membros do corpo), que está prestes a receber um novo corpo. “Mas ocorre algo que ameaça a cirurgia dela, e um enfermeiro faz de tudo para que a operação aconteça”, diz.
O elenco conta com nomes conhecidos da TV, como Jackson Antunes, Heitor Martinez, Narjara Turetta e Letícia Medina, que vai interpretar Janice. “É uma personagem bem densa, com várias camadas e bem desafiadora. Ela também é muito humana, no sentido de ter falhas e acertos”, conta Letícia Medina, que ficou conhecida pela atuação na novela “Os Mutantes”, da Record. A experiência, aliás, serviu de combustível para trabalhar em “Um Corpo e Um Sonho”. “Apesar de ser temática diferente, vejo várias semelhanças. Mas agora estou muito mais madura e temos tecnologias avançadas para fazer o projeto”, avalia Letícia.
Trabalhando desde os 4 anos na TV, a atriz explica que esta é uma das primeiras vezes que trabalha nas telonas. “Tenho pouca experiência em cinema, mas estou buscando sempre novas oportunidades. Sou apaixonada por cinema, e o nível de profundidade que a gente consegue alcançar é muito maior do que em novelas, então quero muito fazer cada vez mais”, destaca Letícia, que acabou de gravar a 12ª temporada da série “Reis”. “Ela já está disponível no Univer Vídeo e chegará às telinhas da Record, em 2025”, adianta.
“Um Corpo e um Sonho” está na fase de captação de recursos junto a empresas que podem se tornar apoiadoras via incentivo fiscal. “O filme abora questões que envolvem pessoas com deficiência e o preconceito vivido por elas. O nosso maior foco é conseguir captar recursos e patrocínio, mas creio que teremos grandes chances porque o filme traz uma temática social com nomes conhecidos”, espera Barbosa, que já está preparando uma nova montagem.
“Estamos com o projeto para o ano que vem feito em parceria com a Big Boss. A ideia é inspirada na série coreana ‘Round 6’. Os personagens são criminosos sequestrados por justiceiros, que os obrigam a participar de uma competição mortal”, conta. Barbosa ainda está na expectativa do lançamento de “Vampiros do Espaço” e “Um Corpo e um Sonho”, mas já de olho no novo projeto. Afinal, o céu é o limite, e não é à toa que o nome Alfa Centauri, nome escolhido para a produtora, também seja o sistema estelar mais próximo do planeta Terra.